1. A onda branca
Os democratas confiaram nos estados que tradicionalmente eram vitoriosos e redutos intransponíveis como os do Centro-Oeste em que o voto é oriundo dos negros e da classe trabalhadora branca. Os brancos da classe trabalhadora, sobretudo aqueles sem formação universitária (homens e mulheres), abandonaram o partido democrata. Os eleitores rurais compareceram às urnas em peso e, assim como os americanos que se sentiram negligenciados pelo sistema e deixados para trás pela elite, fizeram suas vozes serem ouvidas. A onda pró-Trump, republicana, atingiu os estados-chave.
2. Blindagem
Trump insultou o veterano de guerra John McCain, senador republicano. Comprou uma briga com a jornalista Megyn Kelly, âncora da Fox News. Fez um pedido de desculpas protocolar após o vazamento de um vídeo em que fazia comentários obscenos sobre mulheres. A personalidade e o apelo de Trump eram tão fortes, que os escândalos acabaram rebatidos. Assim, o republicano se mostrou à prova de balas.
3. O ‘outsider’
Ele disputou a eleição contra os democratas, mas também enfrentou forças dentro do próprio partido. Trump bateu em todo mundo. De Marco Rubio, Ted Cruz, Chris Christie e Ben Carson até o ex-governador da Flórida Jeb Bush e o governador de Ohio, John Kasich, disseram que não o apoiariam. Sempre ligando a uma pauta de costumes e escândalos. Essa postura de Trump provou sua independência e status de "forasteiro" ou “outsider”.
4. Os e-mails de Hillary e o FBI
As pesquisas fizeram um trabalho lamentável prevendo as preferências do eleitorado, particularmente nos Estados do Meio-Oeste. Nos últimos dias da campanha, no entanto, as sondagens mostravam que Trump estava próximo o suficiente da vitória.
Essa trajetória não parecia tão óbvia há duas semanas, antes de o diretor do FBI, James Comey, ter anunciado que estava reabrindo a investigação sobre o uso de um servidor privado de e-mail por Hillary Clinton quando ela era secretária de Estado americana.
É verdade que a disputa estava ficando apertada, mas ficou mais acirrada após as declarações de Comey. Tudo indica que, nesse período, Trump consolidou com êxito a sua base, trazendo de volta alguns conservadores e destruindo as esperanças que Hillary tinha de convencer os eleitores na reta final da campanha.
Por outro lado, as ações de Comey nunca teriam sido um fator se Hillary tivesse confiado nos servidores de e-mail do Departamento de Estado para suas trocas de e-mail. Esse peso recai agora sobre seus ombros.
5. Instintos apurados
Trump protagonizou uma campanha nada convencional, mas mostrou que sabia mais do que os especialistas. Gastou mais garrafas cheias (jargão para demonstrar peso político) do que em pesquisas. Viajou para estados como Wisconsin e Michigan, que os analistas diziam estar fora de alcance. Realizou comícios de massa, em vez de pedir votos de porta em porta. Todas essas decisões - e muitas outras - foram ridicularizadas em rodas de "especialistas". No final, no entanto, suas estratégias deram certo.
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