Manifesto escrito há mais de 150 anos é a mais antiga peça de comunicação política
“Mesmo para aqueles que não são políticos ou especialistas no assunto, campanhas eleitorais brilhantes são inesquecíveis. A escolha dos nomes, o entusiasmo mobilizado, a, criatividade da comunicação, coreografia e cenografia se articulando para realçar os candidatos, protagonistas desses épicos hollywoodianos, permitindo-lhes seduzir os eleitores. É um processo cujo desfecho – vitória – parece natural, inevitável, quase imperioso.” Antonio Lavareda, sociólogo e cientista político em seu Emoções Ocultas e estratégias eleitorais[i], na abertura do capítulo 2 da obra nos dá a noção exata da propaganda e comunicação política.
O caminho de conquista de corações e mentes, em períodos eleitorais sempre esbarram no conteúdo emocional agregado à retórica política, tanto no discurso quanto nas peças de propaganda.
O país tem uma cultura rica no tema e que foi captada em 1870, ainda nos tempos do Império.
Primeiro material de comunicação política no país
O Manifesto Republicano, que foi lançado em dezembro de 1870, nas páginas do jornal A República, do Rio de Janeiro é considerada a primeira peça de comunicação, ou campanha política. O texto de autoria do jornalista Quintino Bocaiúva pode ser considerado o primeiro a executar as funções de publicitário do movimento anti monarquista e pró-República.
“Aos nossos concidadãos...
É a voz de um partido a que se alça hoje para falar ao país. E esse partido não carece demonstrar a sua legitimidade. Desde que a reforma, alteração, ou revogação da Carta outorgada em 1824, está por ela mesma prevista e autorizada, é legítima a aspiração que hoje se manifesta para buscar em melhor origem o fundamento dos inauferíveis direitos da nação[...]”
O texto dava todo o ar de discórdia para com o imperador D. Pedro II e seu governo. Foi importante peça de incentivo à sociedade da época a fim de um basta à Monarquia como forma de governo.
O mais interessante é que o movimento republicano seguiu, foi vitorioso, contudo, não elegeu o seu primeiro presidente. Ou seja, nenhuma campanha foi feita e somente houve a assunção de Marechal Deodoro.
[i] Lavareda, Antonio – Emoções ocultas e estratégias eleitorais. Rio de Janeiro – Ed. Objetiva, 2009. Página 25, capítulo 2.
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